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Antonio Bandeira

Antonio Bandeira (Fortaleza, Ceará - 1922 - Paris, França - 1967) foi pioneiro da abstração lírica no Brasil. Sua pintura livre e gestual alcança projeção nos anos 1950. Em 1952, expõe na 26ª Bienal de Veneza, e nos anos 60 já ocupa a posição de artista consagrado, um dos pintores brasileiros mais valorizados dentro e fora do país. Artista singular, se envolveu ativamente nos debates estéticos de seu tempo, produzindo aquarelas, guaches e pinturas marcadas por uma intensa pesquisa cromática e poética. A vida de Antonio Bandeira é envolta em mitos e narrativas, instigadas pelo próprio artista, que construiu sua persona de boêmio, um personagem que transitava com a mesma desenvoltura nos bares, nos espaços da alta cultura e nos círculos da vanguarda artística parisiense.

A trajetória de Bandeira começa em 1941, em Fortaleza, quando expõe pela primeira vez no Salão Cearense de Pintura. Ainda no início dos anos 40, ele participou da criação do Centro Cultural de Belas Artes, espaço de encontro para uma jovem geração de artistas cearenses, que também reunia nomes já estabelecidos como Raimundo Cela. A capital vivia um período de efervescência artística modernista, com destaque para a atuação do agitador cultural suíço Jean Pierre Chabloz, e dos jovens artistas Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mario Baratta e do próprio Antonio Bandeira.

Em 1946, por influência de Chabloz, Bandeira vai ao Rio de Janeiro onde realiza sua primeira exposição individual, no Instituto de Arquitetos. Nesse mesmo ano, faz sua primeira viagem ao exterior. Artista prodígio, com apenas 24 anos e uma formação autodidata, é contemplado com uma bolsa de estudos para estudar em Paris, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e na Académie de La Grande Chaumière. Esse período teve influência decisiva no desenvolvimento de sua linguagem pictórica, devido ao contato próximo com as discussões em torno de uma nova linguagem: o abstracionismo informal, ou “lírico”. Ao longo de sua intensa carreira, Bandeira participou de exposições internacionais na França, Alemanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. De volta ao Brasil em 1951, participa da 1ª Bienal de São Paulo, e expõe continuamente em museus e salões. Em 1964, voltou definitivamente para Paris, onde permaneceu até sua morte, três anos depois.

Apesar da influência da arte francesa, a aproximação das tendências internacionais da pintura abstrata não está desvinculada de um compromisso marcante com a própria experiência. Reconhecida pelo lirismo e experimentação da cor, a pintura de Bandeira percorre caminhos inesperados dentro do abstracionismo. Sutis ou densas, as manchas, traços e tramas que compõem suas telas representam, em realidade, paisagens, arvores, cidades, e frequentemente evocam atmosferas e memórias de sua terra. Essa correspondência é explicita não somente em depoimentos, mas também nos títulos de suas obras, que indicam tais caminhos interpretativos. Se o gesto do artista não é motivado pelo objetivo de representar, logo ele reencontra a figuração, através da livre associação entre os distintos elementos presentes em suas pinturas.

Atualmente, obras de Antonio Bandeira integram as principais coleções particulares do país e estão presentes no acervo de diversas instituições públicas, entre elas: Centre Pompidou, Paris; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, MASP, São Paulo; Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM Rio; Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM SP; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Embaixada do Brasil, Paris; Museus Castro Maya, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC USP, entre outras.

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