Chen Kong Fang
Chen Kong Fang nasceu em 1931 na cidade de Tung Cheng, na província de Anhui, China. Desde sua infância, demonstrou um talento natural para o desenho, e durante sua adolescência, dedicou-se ao estudo da aquarela e do sumi-ê, uma técnica chinesa que combina pintura em tinta com caligrafia. Após a morte de seu pai, um influente político e engenheiro, Fang mudou-se com sua família para o Brasil em 1951, após enfrentarem períodos difíceis em sua terra natal, marcados pelos horrores da guerra.
Estabelecendo-se em São Paulo, na década de 1950, Fang aprimorou suas habilidades na pintura ocidental sob a tutela de Yoshiya Takaoka, um artista japonês que estudara na Académie de la Grande Chaumière, em Paris. Durante esse período formativo, Fang absorveu influências do realismo e do naturalismo da pintura ocidental, aplicando-as em suas paisagens, retratos e naturezas-mortas.
A partir dos anos 1960, Fang iniciou sua jornada artística singular, desenvolvendo um estilo original enraizado na arte chinesa, que se tornou mais proeminente à medida que ele amadurecia como pintor. Embora tenha experimentado brevemente com a abstração geométrica durante meados da década de 1960, logo retornou à sua abordagem figurativa. Suas obras destacam-se pela originalidade e pela homenagem à tradição da pintura chinesa, especialmente em sua dimensão espiritual. Fang buscava capturar as características físicas e espirituais de seus temas, revelando os aspectos misteriosos por trás de suas representações.
A profundidade interior de sua obra, a valorização dos espaços vazios e o estilo caligráfico aproximam-no não apenas da pintura tradicional chinesa, mas também da obra sutilmente moderna de Sanyu (1901-1966), um mestre chinês que compartilhava experiências semelhantes de vida no Ocidente e a busca por uma linguagem artística original.
O prestígio de Fang entre importantes colecionadores cresceu ao longo dos anos, especialmente após sua participação em exposições como "Arte Transcendente", organizada por Theon Spanudis no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 1981. Fang também teve suas obras incorporadas aos acervos de instituições renomadas, como o MAM-SP e o Museu de Arte Contemporânea da USP.
Durante as décadas de 1960 a 1980, Fang participou de várias exposições coletivas, destacando-se em eventos que celebravam a contribuição de artistas estrangeiros para a cena artística brasileira. Embora sua presença no circuito institucional tenha diminuído nas décadas seguintes, seu legado foi relembrado em retrospectivas e exposições contemporâneas, como a realizada pela Pinacoteca de São Paulo em 2018.
Ao longo de sua carreira, Fang realizou exposições individuais em galerias no Brasil e no exterior, consolidando seu nome como um dos expoentes da arte contemporânea, com suas obras integrando coleções particulares e públicas de prestígio.