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Véio

Véio (Cícero Alves dos Santos), nascido em 1948 em Nossa Senhora da Glória, SE - Brasil. Cícero Alves dos Santos, conhecido como "Véio", é uma figura única no cenário da arte brasileira, embora esta seja apenas sua segunda exposição individual. Suas obras revelam dimensões que se destacam do que tradicionalmente entendemos como "arte popular". Suas esculturas combinam elementos da tradição popular, como a escultura em madeira, o aproveitamento de formas sugeridas por troncos e galhos, e o uso de ferramentas simples, com cores intensas - mais próximas das cores industriais do que dos tons delicados da natureza. Essa intensidade quase pop é reforçada por uma imaginação extraordinária, que transforma suas esculturas em figuras híbridas, mesclando características de animais conhecidos com elementos de androides e transformers de filmes e desenhos animados.

Por outro lado, com um simples canivete, Véio esculpe formas diminutas, mas com uma figuração enigmática que lhes confere uma força surpreendente, apesar de seu tamanho reduzido. Homens e mulheres vagueiam por montanhas sem um propósito aparente, entram e saem de portas que levam a lugar nenhum, animais montam em outros animais, mulheres carregam pedaços de animais na cabeça. Esses entalhes minuciosos revelam um aspecto mais realista nas feições das pessoas e dos animais. No entanto, o significado por trás de seus comportamentos permanece desconhecido.

Véio vive nos arredores de Nossa Senhora da Glória, uma cidade importante no sertão de Sergipe, com aproximadamente 50 mil habitantes e uma feira renomada no estado. A feira, realizada às sextas e sábados, atrai pessoas de todas as partes em busca de negócios envolvendo galinhas, jumentos, porcos e uma variedade de aparelhos eletrônicos, além de muitos produtos importados da China e possivelmente do Paraguai. A convivência com esse ambiente ambíguo e dinâmico certamente influenciou o talento deste sertanejo singular, que fez da preservação da memória de seu povo a missão de sua vida. Para ele, a memória não é nostalgia. Por isso, para afirmar toda uma arte originada de um mundo rural que está desaparecendo, Véio precisou se tornar o criador de uma categoria de arte até então inexistente: a sua.

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