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Pesquisa realizada junto a galerias de arte mostra que o setor manteve o viés de crescimento em 2014

POR NANI RUBIN

01/09/2015 6:00

PARA: O GLOBO

RIO - Depois de um 2013 excepcionalmente bom, que registrou picos de volume de negócios e de exportação de obras de arte para o exterior, 2014, ano que conjugou crise econômica, Copa do Mundo e eleições, tinha tudo para ser um período terrível no mercado de arte. Mas uma pesquisa realizada com 41 galerias (a maioria de São Paulo e Rio, mas também Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre), mostra que, apesar de todo o cenário desfavorável, o setor conseguiu se manter incólume: 51,2% das galerias consultadas registraram aumento no volume de negócios, e 26,9% mantiveram o faturamento do ano anterior. Foram negociados 5.758 objetos, com preços variando entre R$ 300 e R$ 1,4 milhão.

Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera recepe a SP-Arte/2015. Foto: Divulgação/SP-Arte

Os dados são da Pesquisa Setorial Latitude, estudo anual sobre o mercado de arte brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e serão divulgados nesta quinta-feira no site www.latitude.org.br. Para Ana Leticia Fialho, consultora do projeto e coordenadora da pesquisa, os resultados mostram o fortalecimento do setor:

— Havia uma expectativa de que os resultados seriam ruins, já que o ano passado foi difícil. O que a pesquisa mostra é que não, mais da metade das galerias continuaram crescendo — observa ela. — Minha leitura é que o setor vem se desenvolvendo e se profissionalizando. Nenhuma galeria demitiu. Elas mantiveram o mesmo número de funcionários (53%) ou cresceram (47%). Considerando o contexto, é um resultado, de forma geral, muito positivo.

Em 2013, houve um aumento do volume total de negócios de 27,5% em relação a 2012, mas de acordo com Ana Leticia, “aquele foi um ano excepcional”, em que 90% das galerias informaram um crescimento, contra as 51,2% de 2014. Destas que cresceram, só 14 detalharam seu faturamento, um universo insuficiente para possibilitar uma comparação (considerando-se apenas as 14, a média de crescimento foi de 41%). O relatório anunciado agora mostra ainda que, em 2014, 14,6% apresentaram retração no volume total de negócios — 7,3% não responderam a esse item da pesquisa.

— Entende-se o ano de 2014 não como uma queda, mas sim, o ano de 2013 como algo absolutamente fora do comum. Os valores exportados em 2014 retornam aos patamares de crescimento de antes de 2013. Portanto trata-se de um setor saudável, que vem crescendo de forma sólida e constante e, em 2013, teve um pico positivo extravagante — explica Solange Lingnau, gerente do Latitude.

O pico citado é o valor recorde de US$ 51 milhões exportados em 2013, num curva que vinha crescendo progressivamente: US$ 16,3 milhões em 2011, US$ 27 milhões em 2012, e US$ 33, 9 milhões em 2014.

Outro dado importante é a constatação de que 40% do volume de negócios aconteceram em feiras de arte, no Brasil e no exterior, sendo que SP Arte, ArtRio e Art Basel Miami Beach de destacam. O maior volume ainda é feito na própria galeria: 56%.

O mercado internacional se mantém no mesmo patamar das duas edições anteriores — 15% do volume total de vendas, para colecionadores privados e instituições. Neste segundo grupo, além de museus com tradição em comprar arte brasileira, como o MoMA e o Pompidou, notam-se algumas novas instituições, como a Art Gallery of York University, em Toronto, no Canadá, e o Museo de Arte de Lima (Mali), no Peru. O Guggenheim foi o que mais adquiriu: das 114 obras vendidas, oito foram para o museu americano, fato que Ana Leticia atribui a um programa recente da instituição, de olhar para regiões não muito contempladas anteriormente. Já em relação a coleções privadas, ao lado de destinos tradicionais, como EUA, França, Espanha e Reino Unidos, aparecem pela primeira vez, na pesquisa, Costa do Marfim, Líbano e Panamá.


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NÚMEROS DE 2014

- US$ 33,9 milhões: o valor das obras de arte exportadas

- 114 obras compradas por 24 instituições do exterior

- 51,2% das galerias tiveram aumento nas vendas


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